30 de out. de 2007

SILÊNCIO


Silêncio

Cala!
não fala agora
ouve o silêncio
numa atitude de entrega
dá vazão aos teus sentidos
tudo emudece...
Placidamente, o tule multicor
do crepúsculo leve
feito pó de cristal.
escorre sobre si mesmo
A tarde agoniza
dilui-se à luz dourada
sonhando estrelas
nos braços da paz
o silêncio se oferta
o brilho no olhar
partículas da nossa essência.

Ana Wagner

26 de out. de 2007

FANTASMAS

Fantasmas
Fantasmas
Enquanto esses

velhos fantasmas
me ouvem
e me aplaudem
refaço meu personagem,
repriso o espetáculo
repenso minhas loucuras
Depois, sei, no camarim
irei vestir-me de branco
com o selo da esperança
cunhado em meu peito
estarei pronta para
o lânguido repouso
livre e leve
sob a guarda
de um anjo sem rosto

Ana Wagner


23 de out. de 2007

FÊMEA

FÊMEA

Profundo almíscar
deixei rolar
nos teus espaços
sem arreios
te escravizei!
meu cheiro
fêmea tua
entreguei
silênte e forte
o gozo meu
encheu o ar
longo prazer
te conceder
meu ventre ardente
e a tarde em mim
primaverou
docemente...

Ana Wagner


***

21 de out. de 2007

ALVORADA

Alvorada

Alvorada morna
impregnada de perfume,
flores silvestres
sorrisos de criança
o dia se transforma
pela mão do céu
e o maior de todos
os pintores do universo
pincela em sua tela
nuvens coloridas,
cenas celestiais
sonhos nos olhos
bailam à luz da lua
inebriante ventura
pois hoje és todo meu,
e sou toda tua!

Ana Wagner

NOVA LINHA


Nova Linha

alma povoada de flores
boca com gosto
agri-doce de uvas
dia de tíbio sol
o poeta procura
pela lua prata
dourado mistério
aroma de mel
em seu papel
branco...limpo
novas letras
nova linha.

Ana Wagner

LEMBRANÇAS


Lembranças

Sei não restará
carinho nem dor
sei, moram em ti
pedacinhos de mim
não fui passageira
não fui brincadeira
fiz sofrer, sofri
foi fulgurante
o desejo, o beijo
um lampejo
inebriante paixão
em cada linha, doçura
loucura e agora
fico calada
vida pequena
interditada,
resignada,
empresto
meu verso
pra você cantar.

Ana Wagner

18 de out. de 2007

TATUAGEM


TATUAGEM
O dia libera o perfume
de alecrim final
de solidão visceral
vinga-se por encomenda
doces olhos clamantes
onde mergulhei inteira
na ânsia de ser amada
a marca amarga do tempo
há muito me tatuou
angústia desmerecida
desde o início da jornada
trilhamos o mesmo caminho
mas chegamos separados
pelos espinhos marcados
e as pálpebras cansadas
pelo andar das palavras
ferindo nossos passos

Ana Wagner

13 de out. de 2007

FRUTO PROIBIDO

***

Fruto Proibido

Tua face serena

tem o repouso de um colo

tua voz chocolate

de paladar salivante

teus lábios, doces frutos

me adoçam e viciam

tua poesia me eterniza

e pulsa em arco-iris

nossa alma, nosso elo

um anelo de futuro

mas esse fruto maduro

que me alimenta e sacia

já quase no fim do dia

vai revelando a ferida:

profetizando a despedida.

Ana Wagner

***

11 de out. de 2007

A CAIXINHA DE ESTRELAS

Caixinha de Estrelas

Tua janela aberta
pedacinho de meu céu
passarinho, doce ninho
melancolia, canto triste
voa no espaço perdido,
pacotinhos de nossos sonhos
guardados nos quatro cantos
naquela caixinha de estrelas
perfume de teu abraço
impresso em meus sentidos
nos cabelos rebeldes
toque de tua paixão
carinho, doce atração
entrega, chaves de mim
Havaiano paraíso
Sol, lembrança, ausência
Beijos desperdiçados
Irreverência nas palavras
Poços de olhos fundos
Ponte cedendo aos passos
manhãs em teu abraço
cabelos desalinhados
Na plenitude dos dias ,
no final do arco-íris
repousei a esperança
Beijei teus lábios de mel
Entre lágrimas felizes

Sonhada bonança

Ana Wagner

7 de out. de 2007

NUVEM BRANCA

Nuvem Branca

Vestida de branco
nuvem eternidade
anjo restaurado
minha fragilidade
cálido repouso
vida sem espinhos
voz que suaviza
acalanto, terno afago
leve, levinha...
como colcha de versos
meu terno aconchego
sonhando estrelas
cintilâncias de amor
silêncio que se oferta
com o rosto lavado
pés descalços
corpo solto
alma nua
paz

Ana Wagner

***

UNI VERSOS


Universos

Você tem lábios de mel?
Não sei... Mas você descobrirá
Você é chuva mansa na primavera
Choverei para te fazer arco-íris
Carícia de brisa morna?
A amaciar tua pele...
Você impele meus remos pelo mar infinito
Levando-a ao horizonte de seu prazer
Como um grito preso na garganta...
Um gemido

Rútilo de amor e sedução
Surgido desse amor dissoluto
Viverei então sua fantasia divina
Preciso paz desse amor bendito
Iluminado seja tua graça
Me abraça chama quente... Me ilumina
Te invado e acendo sua chama... Me ama...
Não mais menina mulher melhor luar
Reflexos do mar... Um leve sonhar
Poetar...
Poetar...
Da vida... O mar... Nosso nobre amar
Serena fonte de quebranto... Meu altar...
Branca... A flutuar te unirás
Herdarás meu legado de amor
Gerarás frutos sem dor
De teu amor luares gestarei
Universos explodirão em comunhão
Lembra...? Lembra...?
O futuro no passado se anuncia
Foste vida... Amada e ressurgida
Nesta trilha que nos resta percorrer...
Completaremos... Atentos... O saber viver
Infinitos... Livres... Eternamente
Completos extenuados de nosso prazer.

(Ana Wagner & Flacast 27.06.07)

1 de out. de 2007

VINGANÇA

VINGANÇA

Íntimo
e forte
da morte
da vida
desces
aos meus
abismos

pisando
as feridas

me envolves
em chamas
vingado
e renascido
respiras doído
a liberdade
fingida.

Ana Wagner