VAMOS
Vens agora com essa proposta,
Quase maluca
Se não fosse fascinante,
De largarmos tudo
E caminharmos de mãos dadas
Por essa estrada afora.
Vamos então. Vamos de mãos dadas.
Protegidos pela sombra caudalosa
Das sibipirunas,
De quem o mês de outubro
Recolhe as panículas amarelas
Deixando-as cair sobre o chão,
Antecipando o Corpus Christi,
Podemos andar estrada afora.
Vamos então. Vamos em outubro.
Queres ainda que Clara vá junto.
Qual Clara quer que levemos?
Clara, a Santa,
Da qual sou devoto cotidiano?
Ou Clara, a poesia,
Da qual és fã fervorosa?
Que tal levarmos as duas?
Vamos então. Vamos com as duas.
Assim,
Ora rezamos,
Ora sonhamos,
Ora pecamos,
Ora serenamos.
É que quando se passa
dos cinqüenta
Ficamos repetindo
Histórias,
Gestos,
Vícios.
Vamos então. Vamos em silêncio.
Chegando
Tomemos um banho de manjericão
E sem falar nada,
Deitemos todos na relva,
No mês de outubro,
De mãos dadas,
Para mimar,
Para ninar,
Para rimar.
Vamos então. Vamos sim. Vamos.
Nem que seja um dia na vida
E outro na morte.
Oswaldo Antônio Begiato
* Lindo presente de W!